Coralie Bickford-Smith

É agora um nome incontornável quando se fala de capas de livros da editora Penguin. O seu imaginário de imagens e padrões, tornaram os clássicos desta editora inglesa, em objetos de desejo e coleção ao ponto de serem expostos como se de obras de arte se tratassem. Os seus trabalhos já mereceram o reconhecimento da AIGA e da D&AD e obtiveram menções em várias publicações internacionais, como o New York Times, a Vogue ou o Guardian. Lisboa já conheceu as suas capas de livros e agora a revista i.E. teve a oportunidade de lhe fazer algumas perguntas.
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Qual o método de trabalho utilizado nos seus trabalhos? Por onde inicia o seu processo de criação de uma capa ou de uma coleção?
O processo começa por tentar saber o máximo possível sobre o título em causa, seja um manuscrito, um sumário ou o livro em si. Leio e pesquiso quem é ou foi o autor, quando foi escrito e o que estava a acontecer no período ou as referências visuais daquela época. Este processo é diferente se o livro for um livro contemporâneo ou um clássico. Adoro mergulhar na identidade visual desse período ou no período em que decorre a ação do livro. Eu gosto de aprofundar e desenvolver novas possibilidades visuais que acabo por poder utilizar no decorrer do meu trabalho. Posso desaparecer do escritório e ir para uma livraria ou um museu ou uma loja de livros usados. Tudo isto depende do tempo que tenho e do estilo do livro. 
Mas uma coisa é certa, Londres tem um sem número de coisas para ver e fazer de onde podemos colher inspiração. Depois começo a formular ideias e a criar uma confusão geral, normalmente a ideia surge do nada num determinado momento e tenho que trabalhar nisso logo em seguida ou anotar num dos meus cadernos. Eu adoro sentir aquela espiral de ideias que me levam a sentir que tenho de trabalhar agora, já. É importante que isso aconteça, e quando esse sentimento não existe, o melhor é deixar o meu lado criativo de lado e trabalhar noutras tarefas mais mundanas mas que são necessárias para manter as coisas no seu ritmo. Que tipo de vivências ou experiências acha que mais a influenciam durante esse processo de criação? As experiências do meu dia a dia pessoal afetam o meu trabalho consideravelmente. Eu sou uma pessoa muito sensível e isso faz com que me empenhe muito no meu trabalho, e assim sinto que tenho algo sólido e estável na constante mudança de cenário que é o meu mundo interior. Essas vivências servem como algo que eu posso medir e às quais me posso ancorar. 
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De que maneira é que acompanha a produção das capas dos livros? Quais as técnicas de impressão que costuma utilizar? Tem alguma preferida e porquê?
Acabo sempre por me perguntar “qual é o conjunto de capas de livros mais eficaz que eu posso criar usando apenas materiais padrão que são simples mas incrivelmente eficazes para estar dentro das restrições orçamentais?” Juntar design e materiais da melhor forma possível. De certa forma, o processo começa sempre com os materiais, para que eu consiga desenhar e adequar a um determinado método de impressão. Com os clássicos onde utilizamos os tecidos, a ideia foi criar um livro que o leitor quisesse manter. Os materiais eram o ponto de partida. O fato de ser produzido recorrendo à estampagem foi uma verdadeira luta inicialmente, os detalhes do design não podem ser  muito complexos. Assim os padrões foram feitos com isso e
m mente para que os impressores pudessem reproduzir o desenho facilmente. Cada material tem os seus limites e o que se tem a fazer é confrontar esses limites e produzir um produto final que pareça fácil e ilusoriamente simples. A estampagem surge várias vezes no meu trabalho. Acredito que isso acontece pela proximidade com a história da encadernação e o estilo de literatura com a qual me pedem para trabalhar.
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(A entrevista completa encontra-se disponível na edição impressa da Revista i.E. nº3)

 

 



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